Anvisa libera importação emergencial de antídoto contra metanol

06/10/2025

Ministério da Saúde vai receber 2.600 frascos de Fomepizol para atender casos de intoxicação ligados a bebidas adulteradas

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou neste domingo (05) a importação excepcional de 2.600 frascos de Fomepizol, medicamento usado no tratamento de intoxicação por metanol.

O pedido foi feito pelo Ministério da Saúde e será executado por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Do total, 2.500 frascos serão adquiridos pelo governo brasileiro e 100 foram doados pelo fabricante.

Ainda não há registro do produto no Brasil, e o prazo de entrega será definido entre o ministério e a empresa responsável.

A decisão foi tomada com base na Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 203/2017, que autoriza a importação, em caráter excepcional, de produtos sem registro nacional em situações emergenciais.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já anunciou no sábado (04), em coletiva em Teresina (PI), a compra das 2,5 mil unidades de Fomepizol e mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico, que serão distribuídas aos centros de toxicologia e hospitais universitários do Sistema Único de Saúde (SUS).

As remessas são distribuídas para Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, com previsão de que os antídotos estejam disponíveis em todo o país até o final da próxima semana.

" Já tínhamos adquirido 4,3 mil ampolas e agora garantimos mais 12 mil, que serão distribuídas aos centros de toxicologia e hospitais universitários. Essa ampliação assegura que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento adequado ", afirmou Padilha.

Segundo o ministro, o uso de etanol e Fomepizol pode ser iniciado assim que houver suspeita de intoxicação, sem necessidade de confirmação laboratorial. " Seguimos a ciência e as orientações dos especialistas. O etanol farmacêutico e o Fomepizol são tratamentos comprovados e reconhecidos pela comunidade médica internacional ", disse.

O Fomepizol é um dos principais antídotos contra intoxicações causadas por metanol, substância presente em bebidas alcoólicas adulteradas ou falsificadas. O medicamento atua bloqueando a enzima que converte o metanol em compostos tóxicos, prevenindo danos graves ao sistema nervoso e aos rins.

Casos crescem em São Paulo

Segundo o governo paulista, o estado soma 162 casos de intoxicação por metanol, sendo 14 confirmados, com duas mortes na capital, e 148 em investigação. As vítimas fatais são dois homens, de 45 e 54 anos. As suspeitas se concentram principalmente na capital e na região metropolitana, mas já avançam para o interior e para a Baixada Santista.

O último boletim da Secretaria de Saúde, divulgado no sábado (04), aponta notificações em oito cidades do interior, (Araçatuba, Jacareí, Jundiaí, Limeira, Ribeirão Preto, Rio Claro, Vinhedo e Cajuru), além de registros em Cubatão, Santos e São Vicente. Cada município teve entre um e dois casos suspeitos.

Na Grande São Paulo, há suspeitas em municípios como São Bernardo do Campo, Carapicuíba, Diadema, Embu, Ferraz de Vasconcelos, Mauá, Osasco, Taboão da Serra e Santo André. Foram confirmados ainda três casos em Guarulhos, Itapecerica da Serra e São Bernardo do Campo, um em cada cidade.

Diante do avanço, o governo estadual anunciou neste domingo (05) o reforço das ações de fiscalização contra a falsificação de bebidas alcoólicas.

Testagem rápida

A Secretaria de Saúde informou que reforçou a estrutura de análise laboratorial no estado. Amostras de sangue e urina de pacientes suspeitos são encaminhadas ao Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (LATOF), da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, onde passam por cromatografia gasosa, método considerado padrão ouro para detecção de metanol.

A coleta ocorre nas unidades de saúde e o transporte das amostras é coordenado pelo Instituto Adolfo Lutz.

Além de São Paulo, outros 14 estados brasileiros registraram casos suspeitos de intoxicação por metanol.