Beto Preto sobre negacionismo da vacina: “Talvez este seja o ano em que mais estamos sofrendo com isso”

Em sessão para apresentação do relatório de atividades da Sesa (Secretaria Estadual da Saúde) na Assembleia Legislativa, o secretário Beto Preto admitiu que as campanhas contra a vacina da Covid vêm influenciando negativamente em todo o programa de vacinação disponível à população. "Talvez este seja o ano em que mais estamos sofrendo com isso. É difícil de mensurar, vemos esse fenômeno há 12 anos", disse. "Quando você combate uma vacina, como é o caso do [imunizante da] Covid, você combate todas as outras. Isso causa uma falsa sensação de segurança. Depois, os vírus circulantes cobram um preço". Beto Preto citou o caso de infecção de sarampo – doença erradicada até anos atrás – entre jovens universitários, registrada no último mês de março, em Curitiba.
O assunto da vacinação tomou conta da sessão de apresentação do relatório de atividades da Sesa. O desafio de ampliar as taxas de imunização no Paraná, principalmente contra a gripe e a Covid, foi um dos principais temas da reunião. Segundo o que foi apresentado no encontro, um dos objetivos estabelecidos pelos documentos de metas propõe que a Sesa complete a cobertura vacinal de oito imunizantes em crianças de até 12 meses em pelo menos 55% dos municípios do Paraná até o fim do ano. Mas apenas 13,78% das cidades paranaenses cumpriram a meta. Ian Lucena Sonda, diretor-geral da Sesa, ponderou que os dados estão aquém da realidade, pois há registros que ainda não foram computados no sistema do Ministério da Saúde. A base de dados está alimentada principalmente com dados de janeiro e fevereiro.
Beto Preto informou que entre as estratégias adotadas pela pasta para reverter o problema da cobertura vacinal está a adoção de protocolos que dão maior agilidade na aplicação de vacinas. É o caso da BCG, que previne a tuberculose e é aplicada em bebês. Em algumas maternidades do Paraná, equipes médicas estão priorizando aplicar o imunizante antes que as mães deixem as maternidades, garantindo a imunização do recém-nascido e evitando futuros "furos", disse o secretário.
Mas, segundo ele, há outros fatores que desafiam o cumprimento da meta. Dentre eles, a diminuição de alguns imunizantes distribuídos pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), como visto nas vacinas pentavalente e tetravalente nos últimos anos, pontuou o titular da Sesa.
O grande número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), provocadas principalmente pela Influenza, Covid-19 e outros vírus respiratórios, também foi debatido. A deputada Marcia Huçulak (PSD) ressaltou que 92% das internações por SRAG se dão por ausência de vacinas, segundo informações colhidas pela parlamentar junto ao governo do estado. Dados do último dia 16 revelam que a vacinação foi realizada por 48% da população paranaense – bem abaixo da meta de 90%.
