Cliente que xingou frentista de 'macaco' e 'nordestino dos inferno' é condenado a 5 anos de prisão no Paraná

17/12/2024

Marcelo Francisco da Silva foi condenado por injúria, ameaça e vias de fato contra funcionários do posto de combustíveis. Além disso, Justiça definiu que ele deverá pagar R$ 20 mil por danos morais à vítima.

Marcelo Francisco da Silva, cliente filmado chamando um frentista de um posto de gasolina de Curitiba de "macaco", "neguinho" e "nordestino dos inferno", foi condenado a cinco anos de prisão.

 Um operador de caixa também foi alvo de comentários preconceituosos na mesma situação, registrada em outubro de 2023. 

A confusão foi filmada por ele. 

Marcelo foi condenado pelos crimes de injúria, ameaça e vias de fato, agravados pelo motivo fútil e reincidência. Além disso, a Justiça definiu também que ele deverá pagar R$ 20 mil por danos morais a uma das vítimas.

A condenação prevê o regime inicial fechado. No entanto, Marcelo poderá recorrer em liberdade.

Enquanto espera o resultado do recurso, ele deverá cumprir as medidas cautelares impostas ao longo do processo. Ou seja, deverá ser monitorado por tornozeleira eletrônica, manter distância de pelo menos de 200 metros do posto de combustíveis e está proibido de manter contato com as vítimas por qualquer meio.

O g1 aguarda resposta da defesa de Marcelo.

Por meio de nota, o advogado Igor Ogar, que representa as vítimas, comemorou a condenação.

"Diante de uma das maiores penas do Brasil, esse caso paradigmático nos mostra que a língua de pessoas mal intencionadas podem levá-las a prisão. Pois na própria sentença condenatória o juiz ficou que o regime inicial deverá ser fechado", afirma.

Vítima deixou o emprego após o crime

Segundo a sentença, uma das vítimas largou o emprego no posto de combustíveis depois do crime. Ele relatou que passou a sentir medo após as ameaças, especialmente por ter uma esposa e um filho, o que reforçou a escolha.

A outra vítima afirma que já se considerava uma pessoa reservada, mas, depois do crime, se tornou ainda mais recluso, sentindo-se mais triste e evitando sair de casa.

A situação foi considerada na decisão da Justiça, que destacou o impacto psicológico do crime as vítimas.

"Verificou-se, através das declarações das vítimas, o abalo psicológico que sofreram, com reflexos, inclusive, nas suas rotinas", diz a sentença.

Nas imagens que mostram os xingamentos, Marcelo vira em direção a outra pessoa que está no caixa do posto e afirma que a vítima "veio do nordeste para querer ser gente" na capital paranaense.

"Você acha que dá conta, neguinho? É neguinho, macaco! [...] Chama a câmera, filma lá. Olha lá, tá me tirando. Vou processar a dona do posto [...] Vem do nordeste pra querer ser gente aqui em Curitiba? Volta pro nordeste, volta pra comer carne de sol", diz o homem.

Segundo a denúncia, Marcelo ficou alterado durante a compra de um macarrão instantâneo, após uma das vítimas pedir para ele registrar a compra antes de fazer o macarrão.