Hamas entrega apenas 4 dos 28 corpos de reféns

14/10/2025

Libertação em até 72 horas do cessar-fogo faz parte do plano elaborado pelos EUA

Apenas quatro corpos dos 28 reféns mortos pelo Hamas foram entregues a Israel nesta segunda-feira (13), para angústia e protesto dos familiares que fazem vigília e exigem que todos sejam devolvidos.

A libertação de todos os reféns, vivos ou mortos, em até 72 horas do cessar-fogo, em troca de prisioneiros palestinos, faz parte da primeira fase do plano elaborado pelos Estados Unidos e divulgado pelo presidente Donald Trump para encerrar a guerra em Gaza. Cerca de 2 mil prisioneiros palestinos deverão ser libertados,

O cessar-fogo foi assinado oficialmente nesta segunda-feira, em uma cúpula realizada no Egito.

Pouco antes da assinatura, o Hamas libertou os 20 reféns vivos e entregou apenas quatro corpos de reféns que foram mortos desde o dia 7 de outubro, quando começou o conflito.

Todos os reféns falecidos serão entregues posteriormente, disse o Hamas, que confirmou os nomes dos quatro reféns cujos corpos foram devolvidos hoje.

Quem são os quatro

São eles Guy Illouz, que tinha 26 anos quando foi sequestrado no festival de música Nova; Yossi Sharabi, que tinha 53 anos quando foi sequestrado no kibutz Be'eri; Bipin Joshi, um estudante de agricultura do Nepal, de 22 anos, que trabalhava em uma fazenda no kibutz Alumim quando foi sequestrado, e Daniel Peretz, um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF), que tinha 22 anos quando foi morto em 7 de outubro.

O Ministério da Saúde confirmou que os corpos chegaram ao Instituto Nacional de Medicina Legal (Abu Kabir), onde patologistas verificarão suas identidades e realizarão autópsias para tentar determinar as circunstâncias de suas mortes.

Chocados e consternados

Embora as famílias dos reféns não esperassem que todos os corpos retornassem nesta segunda-feira, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas disse que ficou "chocado e consternado" com a notícia de que apenas quatro seriam devolvidos.

O grupo pediu "a suspensão imediata de toda a implementação do acordo" até que todos os reféns falecidos sejam devolvidos de Gaza.

Segundo informações do The Times of Israel, familiares estão criticando a forma como a questão da devolução dos corpos foi resolvida. É o caso de Yael Adar, mãe do refém morto Tamir Adar.

"Disseram-me que um refém vivo vale mais que 100 prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua. Mas um refém morto vale mais que 15 corpos palestinos. Por que não 100 palestinos mortos?", questionou.

Os termos do acordo não eram definitivos quanto ao que poderia acontecer se o Hamas não devolvesse todos os corpos, com alguma margem de manobra para buscas contínuas pelos corpos que, segundo ela, poderiam durar meses ou anos.

Comitê Internacional de ajuda

Já na semana passada, Israel avaliou que o Hamas poderia não ser capaz de encontrar e devolver todos os reféns mortos restantes em Gaza.

Shosh Bedrosian, porta-voz do Gabinete do Primeiro Ministro de Israel, disse que um comitê internacional ajudará a localizar os corpos que o Hamas pode não conseguir encontrar.

Mas ele não esclareceu será essa força-tarefa neste momento.

"O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, insiste que agiremos para localizar todos esses reféns o mais rápido possível, e faremos isso como um dever sagrado de responsabilidade comunitária", declarou Bedrosian.

O porta-voz das Forças Armadas de Israel, brigadeiro-general Effie Defrin, afirmou que Israel está exigindo que o Hamas cumpra sua parte do acordo.

"Esforços estão sendo feitos em todos os níveis para pressionar pela continuação do processo de devolução dos corpos dos mortos. Exigimos que o Hamas cumpra sua parte do acordo. Não esquecemos [os reféns] por um momento sequer e não descansaremos até que todos retornem às suas famílias e sejam enterrados em Israel", disse Defrin em uma declaração em vídeo.

Incluindo a libertação de todos os reféns em troca de prisioneiros palestino é um dos pontos do plano de Donald Trump que vai aceito por Israel e pelo Hamas.