Lula e ministros confirmam visita ao Paraná no fim de abril

20/04/2025

Agenda será na comunidade Maila Sabrina, em Ortigueira, no dia 30 de abril. Famílias camponesas lutam há 22 anos pela efetivação da Reforma Agrária

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros confirmam agenda no Paraná no próximo dia 30 de abril, uma quarta-feira. A visita vai oficializar a criação do assentamento de mais de 400 famílias na comunidade Maila Sabrina, localizada no limite entre os municípios de Ortigueira e Faxinal, na região Centro Sul dos Campos Gerais do estado, segundo informações do MST-PR.

A comunidade prepara uma grande festa para receber o presidente e celebrar a conquista, com churrasco comunitário e apresentação da Orquestra Popular Camponesa – formada por crianças, adolescentes e adultos integrantes do MST-PR. A previsão é de que o presidente chegue por volta das 10h30 e fique até 15h.

Reforma Agrária

A conquista das famílias camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra chega após 22 anos de luta pela Reforma Agrária. A área de 10.500 hectares era conhecida como fazenda Brasileira e, antes de ser ocupada, servia para a criação de búfalos e estava em estado de degradação ambiental intenso. Hoje é território de vida digna para mais de 1600 pessoas, com grande diversidade de produção, com cultivo de grãos, hortaliças, verduras e frutas, pequenas criações de animais e também produção orgânica.

Quem expressa o sentimento coletivo é a companheira Jocelda Oliveira, da direção da comunidade: "A palavra que define hoje é emoção […]. Graças à luta e à resistência da comunidade e do MST, nós vencemos e hoje nós conquistamos nossa grande vitória que é o assentamento".

Comunidade camponesa consolidada

O início da construção da comunidade foi com a ocupação de uma pequena parcela do latifúndio, em 2003, batizada de acampamento Che Guevara. No dia 16 de julho de 2005, com a ampliação do número de famílias, a ocupação avançou para a sede central da área. Em janeiro de 2006, por decisão coletiva, a comunidade passou a se chamar Maila Sabrina, em homenagem a uma criança sem terra que faleceu no acampamento vítima de doença crônica.

O trabalho coletivo e organizado das famílias acampadas transformaram o território degradado em uma comunidade completa, com atendimento das necessidades e direitos da diversidade de pessoas moradoras.

A educação é garantida no próprio local, com a Escola Itinerante Caminhos do Saber, que atende 200 estudantes e emprega 20 funcionários. As crianças que antes percorriam 40 quilômetros diariamente para estudar, hoje têm acesso à educação de qualidade em sua própria comunidade. As estruturas de madeira, o jardim e toda a escola foram erguidas pela própria comunidade.

O trabalho em mutirão, a organização de recursos próprios e também com apoio das prefeituras de Ortigueira e Faxinal garantiram a construção de espaços comunitários amplos, para atender a demandas locais: salão e churrasqueira, quadra de esportes, Unidade Básica de Saúde, academia ao ar livre, campo de futebol, lanchonete, mercado e igrejas.

Vigília Lula Livre

A comunidade também fez parte do período de resistência na Vigília Lula Livre, em defesa da inocência do presidente. "Além de ser uma conquista do povo da comunidade, é uma vitória do MST, é uma vitória da democracia que tirou o Lula da cadeia e colocou ele como presidente", garante Jocelda. Nas eleições de 2022, a comunidade comemorou o fato de ter 100% dos votos para Lula na urna local.

A comunidade Maila Sabrina também é conhecida na região pela organização das maiores cavalgadas do estado. Realizada anualmente no início de maio e batizada de Cavalgada do Trabalhador, a última edição reuniu mil cavaleiros e amazonas, a maior parte deles no próprio território do acampamento. O percurso é de cerca de 8 quilômetros e passa por dentro da comunidade.

Produção aliada à preservação ambiental

Há uma grande diversidade de produção de alimentos, com cultivo de grãos e hortaliças, verduras e frutas, e pequenas criações de animais (caprinos, bovinos, aves e suínos). A média anual de produção de frutas no acampamento é de cerca de 21 mil quilos; de grãos e cereais são produzidas 110 mil sacas – e mais toneladas de batata doce, moranga, quiabo e diversas folhosas.

A fartura de produtividade na agricultura e da pecuária no acampamento, somada à organização e à solidariedade, garantiram várias ações de partilha de alimentos desde o início da pandemia da Covid-19, em 2020. A comunidade se somou à campanha nacional de solidariedade do MST, e partilhou centenas de toneladas de alimentos para comunidades urbanas da região e também de Curitiba. Para fortalecer as iniciativas, as famílias iniciaram uma horta comunitária de produção sem venenos, batizada de Centro de Produção Antonio Tavares.