Museu na Grande Curitiba “ressuscita” aeronaves que foram marcos no cinema e em guerras

Espaço acabou de reabrir para visitas e apresenta a história de aviões civis e militares, além do clássico Sapão, helicóptero usado na Guerra do Vietnã.
Estar perto de um avião ou um helicóptero pode ser um sonho para muita gente. Mas quem mora ou está em Curitiba e na região metropolitana nem vai precisar se esforçar tanto assim para realizar esse sonho. Isso porque em Campo Largo, distante cerca de 32 quilômetros do Centro da Capital, fica o WS Aircraft Museum, um espaço que pode ser visitado por todas as pessoas e reúne uma exclusiva coleção com aeronaves clássicas, que fazem parte da história da aviação mundial.





No local, estão atualmente em exposição 15 aeronaves civis e militares, todas ainda aptas a voar. Entre elas estão máquinas utilizadas durante a Segunda Guerra Mundial, a réplica de um avião que aparece num filme de Indiana Jones e um dos primeiros modelos utilizados pela Esquadrilha da Fumaça, por exemplo.
Também há no local um histórico "Sapão" – o helicóptero Bell Huey, conhecido por sua utilização durante a Guerra do Vietnã e presente em filmes como Rambo e Apocalypse Now, enquanto outras nove aeronaves estão sendo restauradas ou montadas e em breve poderão ser conhecidas de perto pelo público.
Localização, visitas e outras atrações
O WS Aircraft Museum fica no bairro Salgadinho, em Campo Largo (Rua Paulo Abdala, 650). As visitas ao espaço, que precisam ser agendadas pelo site www.wsaircraft.com, ocorrem todas as terças e quintas-feiras, às 14h30. Nos sábados, as visitações são feitas de forma alternada (uma semana sim e outra semana, não), às 10 e às 13 horas. O segundo horário, no entanto, depende da demanda para a visitação na manhã.
As visitas, sempre com grupos de até 15 pessoas, duram entre 1 hora e 1h30, com custo de R$ 90 pelo ingresso (R$ 45 a meia-entrada). O espaço, inclusive, chegou a ficar fechado por alguns meses, mas reabriu no último final de semana para o público.
Além disso, também é possível aproveitar o WS e seus dois hangares para fazer eventos, sessões de fotos ou até mesmo se divertir com paraquedismo, e em breve deverão ser retomados os voos panorâmicos. Os valores todos podem ser consultados no site do Museu.
Da primeira restauração ao surgimento do museu
A história do WS Museum Aircraft teve início em 2015, quando William Starostik Filho, o Billy, fundador do museu, comprou um avião que estava no fundo de um hangar, desmontado e sem qualquer condição de voar. Ele, então, começou a reunir alguns amigos também entusiastas da aviação, como Luis Gustavo Cruz, o Guga, piloto e restaurador de aviões, para conseguir restaurar um monomotor a pistão, o Piper J-3.
"Brilhou os olhos dele ver uma coisa que estava jogada num fundo do hangar e de repente estava perfeita, parecia ter acabado de sair da fábrica. E o Billy está sempre procurando avião raro, avião antigo… Ele é um caçador de relíquias. Aí veio um Stearman, depois um terceiro avião, o hangar foi ampliado… E aí começamos a pensar: 'será que não dá para apresentar para as pessoas?'", relata Tide Athayde Jr, que é piloto e também diretor do museu.
A ideia era tão simples quanto genial. Afinal, qual a proporção de gente que tem vontade de ver um avião e qual a proporção de pessoas que consegue, efetivamente, realizar esse desejo? O intuito, então, era transformar sonhos em realidade, o que começou a acontecer efetivamente a partir de 2019. E desde então, cerca de 3 mil pessoas das mais diversas idades e classes sociais já visitaram os dois hangares do WS Museum Aircraft.
"Queríamos trazer o público para perto dessas raridades, e por trás de cada uma dessas aeronaves tem uma história. O Sapão, por exemplo, foi um avião da Guerra do Vietnã, temos aviões que foram usados para treinar soldados pra 2ª Guerra mundial… Isso dá vida para a história que é contada na sala de aula", aponta ainda Tide.
Como é o trabalho para fazer um avião "renascer"
Além de um museu, no entanto, o WS Museum Aircraft também é um espaço para montagens, reformas, reparos e manutenção de aeronaves. Não à toa, algumas das aeronaves expostas no local foram restauradas pela própria equipe do hangar, inclusive com trabalhos premiados internacionalmente.
Geralmente, as aeronaves são compradas quando estão apenas em carcaça, via de regra adquiridas nos Estados Unidos e sem qualquer condição de voo. Fazer essas máquinas voltarem a ganhar vida, por sua vez, é um esforço que pode exigir entre um e dois anos de trabalhos.
"A gente desmonta o avião inteiro, não sobra nem um parafuso. Fazemos o tratamento de todo o material, fazemos tudo de novo, e começa tudo do zero", explica Tide.
No processo de restauração, relata Felipe Jorgensen, a aeronave volta a ter a mesma cara que tinha quando saiu de fábrica. Mas algumas atualizações tecnológicas são feitas, o que garante que esses aviões restaurados vão voar ainda melhor do que quando foram criados. As aeronaves utilizadas na 1ª e na 2ª Guerra Mundial, inclusive, são geralmente um bom exemplo disso, já que não costumam ser recobertas com alumínio, mas sim com uma espécie de tecido.
"A gente usa tecnologia de hoje nos aviões mais velhos. Antigamente, um avião da década de 1930 ou 1940, ele era entelado com um tecido, praticamente um tecido de algodão, e posto cola até esticar. Só que isso era altamente inflamável e altamente pesado. Hoje em dia já se tem tecidos inteligentes, com um grau de retração e que vira um tamborim. E por ser mais tecnológico, ele torna o avião mais leve, mais seguro. Os tecidos novos têm até retardantes a chamas. Ou seja, a gente tem um avião velho – antigo, para não magoá-los -, mas que voa melhor do que quando foram criados, por causa dessa tecnologia."
