Operação mira profeta religioso por ‘estelionato ’ que cobrava R$ 1.500 por ‘milagres’

24/09/2025

Luiz Henrique dos Santos Ferreira, o Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, é apontado como chefe do esquema. A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.

A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram nesta quarta-feira (24) a Operação Blasfêmia, contra um esquema de estelionato religioso via telemarketing com atuação em todo o país. Segundo as investigações, o grupo cobrava até R$ 1.500 por "promessas de cura" e "milagres" e movimentou pelo menos R$ 3 milhões em 2 anos.

Agentes saíram para cumprir 3 mandados de busca e apreensão e medidas cautelares. Luiz Henrique dos Santos Ferreira, o Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, é apontado como chefe do esquema. A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.

Agentes cumprem mandado na Casa dos Milagres, em Niterói, na Operação Blasfêmia
Agentes cumprem mandado na Casa dos Milagres, em Niterói, na Operação Blasfêmia

Santini estava em casa, em um condomínio na Barra Olímpica, e resistiu a abrir a porta para a polícia. A equipe ameaçou arrombá-la e conseguiu entrar.

À TV Globo, Santini declarou estar vítima de perseguição religiosa.

Com mais de 8 milhões de seguidores nas redes sociais, Santini divulgava vídeos com mensagens religiosas e números de telefone para contato. No entanto, nas conversas eram reproduzidos áudios gravados, apesar de os fiéis acreditarem estar recebendo bênçãos diretamente de Santini.

O objetivo era induzir transferências bancárias via PIX, sob o pretexto de doações espirituais. Os valores variavam entre R$ 20 e R$ 1.500, conforme o tipo de oração oferecida.

O grupo operava a partir de escritórios de telemarketing em Niterói e São Gonçalo, onde pelo menos 70 atendentes simulavam ser Santini em conversas por aplicativos de mensagens.

Esses funcionários eram contratados em plataformas on-line e recebiam comissões conforme o volume arrecadado. Documentos apreendidos revelam metas rígidas de desempenho e até dispensas por baixa arrecadação.

Em fevereiro deste ano, agentes flagraram 42 pessoas realizando atendimentos virtuais em um imóvel ligado à Casa dos Milagres, em Niterói. Na ocasião, foram apreendidos 52 celulares, 6 notebooks e 149 chips de telefonia, o que ajudou a identificar milhares de vítimas em todo o país.

Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas e se tornaram rés pelos crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de prisão. Ao menos 7 adolescentes teriam sido aliciados para participar do esquema.

As investigações continuam para identificar novas vítimas e possíveis integrantes da organização criminosa.