Operação mira profeta religioso por ‘estelionato ’ que cobrava R$ 1.500 por ‘milagres’

Luiz Henrique dos Santos Ferreira, o Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, é apontado como chefe do esquema. A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.
A Polícia Civil do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciaram nesta quarta-feira (24) a Operação Blasfêmia, contra um esquema de estelionato religioso via telemarketing com atuação em todo o país. Segundo as investigações, o grupo cobrava até R$ 1.500 por "promessas de cura" e "milagres" e movimentou pelo menos R$ 3 milhões em 2 anos.
Agentes saíram para cumprir 3 mandados de busca e apreensão e medidas cautelares. Luiz Henrique dos Santos Ferreira, o Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, é apontado como chefe do esquema. A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica, o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.

Santini estava em casa, em um condomínio na Barra Olímpica, e resistiu a abrir a porta para a polícia. A equipe ameaçou arrombá-la e conseguiu entrar.
À TV Globo, Santini declarou estar vítima de perseguição religiosa.
Com mais de 8 milhões de seguidores nas redes sociais, Santini divulgava vídeos com mensagens religiosas e números de telefone para contato. No entanto, nas conversas eram reproduzidos áudios gravados, apesar de os fiéis acreditarem estar recebendo bênçãos diretamente de Santini.
O objetivo era induzir transferências bancárias via PIX, sob o pretexto de doações espirituais. Os valores variavam entre R$ 20 e R$ 1.500, conforme o tipo de oração oferecida.
O grupo operava a partir de escritórios de telemarketing em Niterói e São Gonçalo, onde pelo menos 70 atendentes simulavam ser Santini em conversas por aplicativos de mensagens.
Esses funcionários eram contratados em plataformas on-line e recebiam comissões conforme o volume arrecadado. Documentos apreendidos revelam metas rígidas de desempenho e até dispensas por baixa arrecadação.
Em fevereiro deste ano, agentes flagraram 42 pessoas realizando atendimentos virtuais em um imóvel ligado à Casa dos Milagres, em Niterói. Na ocasião, foram apreendidos 52 celulares, 6 notebooks e 149 chips de telefonia, o que ajudou a identificar milhares de vítimas em todo o país.
Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas e se tornaram rés pelos crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de prisão. Ao menos 7 adolescentes teriam sido aliciados para participar do esquema.
As investigações continuam para identificar novas vítimas e possíveis integrantes da organização criminosa.
