PCC pode ter ligação com bebidas adulteradas e mortes em SP

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) suspeita que o produto usado nas falsificações seja metanol

Duas pessoas morreram após consumirem bebidas alcoólicas adulteradas com metanol na capital paulista e em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Segundo o Centro de Vigilância Sanitária do Estado, outros dez casos de intoxicação estão sob investigação. A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) suspeita que o produto usado nas falsificações seja o mesmo metanol importado ilegalmente pelo PCC para adulterar combustíveis.
De acordo com a ABCF, o fechamento recente de distribuidoras e formuladoras ligadas ao crime organizado, que atuavam na importação fraudulenta de metanol, pode ter levado facções a revender estoques do produto para fábricas clandestinas de bebidas. A entidade afirma que o desvio teria gerado lucros milionários e contribuído para a onda de envenenamentos registrados nas últimas semanas.
"Com tanques cheios e as empresas proibidas de operar, o metanol pode ter sido repassado a falsificadores de bebidas, colocando em risco a saúde dos consumidores" , alertou a ABCF.
Há um mês, uma megaoperação nacional revelou que postos de combustíveis ligados ao PCC vendiam gasolina e etanol com até 90% de metanol, quando o limite permitido pela ANP é de apenas 0,5%. A substância é altamente tóxica: mesmo em pequenas doses, pode causar cegueira, falência renal e morte.
A ABCF afirma que nunca recebeu tantas denúncias de bebidas falsificadas como nos últimos dois anos e planeja uma reunião com o Gaeco, do Ministério Público de São Paulo, na próxima terça-feira (30). A entidade também cobra a retomada do Sicobe, sistema de rastreamento da produção de bebidas que foi desativado em 2016 e, segundo ela, permitiria maior controle e combate à falsificação.
O anuário da falsificação 2025 mostra que o setor de bebidas foi o mais afetado pelo mercado ilegal no último ano, com perdas estimadas em R$ 88 bilhões, sendo R$ 29 bilhões em sonegação e R$ 59 bilhões em prejuízo das indústrias. A ABCF alerta que, além do impacto econômico, o problema representa uma ameaça grave à saúde pública.
