Quando o Porco Domina o Castelo

09/11/2025

Quando o porco domina o castelo, ele não se transforma em rei; é o castelo que vira um chiqueiro.

A armadilha de nossa era está na aparência substituir a essência, o poder se travestir de farsa e a nobreza do espírito ser ridicularizada por quem confunde vulgaridade com autenticidade.

Recentemente, ouvi nas redes sociais uma frase, de autoria desconhecida, que me fez parar para pensar:

"Quando o porco domina o castelo, ele não se transforma em rei; é o castelo que vira um chiqueiro."

Realmente, este é um daqueles pensamentos satíricos que carregam profunda lucidez e impressionante realidade.

Lembrei-me, do "porco" de Orwell, símbolo da degeneração do ideal revolucionário comunista, arquétipo universal do poder degradado, ressignificado como metáfora da corrupção moral e institucional.

A Revolução dos Bichos, obra de George Orwell publicada em 1945, é uma das mais poderosas fábulas políticas do século XX.

À primeira vista, parece uma simples história sobre animais que se revoltam contra seus donos humanos; porém, é uma sátira sobre o totalitarismo e a corrupção do poder numa alegoria da Revolução Russa de 1917 e da posterior ditadura stalinista na União Soviética, que, na pessoa física do genocida, estima-se a responsabilidade por 20 milhões de mortes.

Essa metáfora revela o que acontece quando o poder cai nas mãos de quem não tem grandeza moral nem preparo intelectual para exercê-lo.

O castelo, símbolo da realeza e da autoridade legítima, não se eleva pelo novo ocupante; ao contrário, rebaixa-se ao nível de quem o corrompe.

A luz que irradia do castelo se apaga pelo obscurantismo.

O porco, aqui entendido como figura simbólica da imundície moral, não aprende as virtudes do trono; ao contrário, suja o trono com lama.

Não me refiro a ninguém em particular, nem pretendo ofender; apenas quero destacar a todos que o nosso castelo é o Brasil. O presente texto não é um libelo partidário, mas um manifesto ético pela manutenção dos valores republicanos.

A reflexão é que, quando o castelo é dominado pelo porco, ele passa a cheirar mal, e viver nele se torna insuportável pelo fedor, pela sujeira e pela falta de higiene ética. O Brasil não merece essa experiência.

Não é certo assistirmos ao assalto das instituições por oportunistas e corruptos que confundem autoridade com autoritarismo e liberdade com licença para a ilegalidade e o locupletamento.

Não podemos aceitar viver sob atmosfera institucional em que a mentira adquire status de narrativa, a impunidade se traveste de esperteza, assim como, o mérito e o sucesso são hostilizados como se fossem pecados.

O castelo da República, que deve abrigar os guardiões da legalidade, da verdade e da honra, não pode ser ocupado pelos porcos da demagogia, da corrupção e do populismo rasteiro.

Não podemos ceder ao desalento. O destino de uma nação não é escrito apenas pelos que a degradam, mas também, e sobretudo, pelos que resistem e a edificam.

Cabe a nós, cidadãos conscientes e de bem, sustentar permanentemente os pilares da ética e da constitucionalidade no Estado Democrático de Direito.

Agir, neste contexto, não significa apenas protestar: significa cultivar valores, proteger nossas famílias, educar nossos filhos, trabalhar honestamente, votar com discernimento e cobrar coerência entre o discurso e a prática.

Sempre é hora de limpar e zelar pelo castelo. Para isso, quando é o caso, não basta trocar o ocupante, é preciso remover a lama, reforçar os alicerces e restituir o espírito de dignidade que o ergueu.

A nação e a sociedade civil não podem perder o sentido de serviço e grandeza, virtudes que não se aprendem em slogans, mas se conquistam com patriotismo, honra e virtude.

É pela vigilância cívica, postura adequada e amor pelo Brasil que se impede que o trono da liberdade, da democracia e da probidade se converta em chiqueiro.

O Brasil não precisa de reis, mas de cidadãos que ajam como guardiões do nosso castelo chamado Pátria!

Ricardo Sayeg. Jornalista. Advogado. Jurista Imortal da Academia Brasiliense de Direito e da Academia Paulista de Direito. Professor Livre-Docente de Direito Econômico da PUC-SP e do Curso de Recuperação de Empresas do Insper. Doutor e Mestre em Direito Comercial. Oficial da Ordem do Rio Branco. Presidente da Comissão de Direito Econômico Humanista do IASP. Presidente da Comissão Nacional Cristã de Direitos Humanos do FENASP. Comandante dos Cavaleiros Templários do Real Arco Guardiões do Graal. ‎