"Rainha do Sul": advogada do tráfico é presa na Bahia

15/12/2025

Operação desmantelou braço financeiro do Bonde do Maluco e revelou união da investigada com o líder da facção, preso desde 2013

A advogada baiana Poliane França Gomes, conhecida como "Rainha do Sul", foi presa em casa pela Polícia Civil da Bahia durante uma operação que atingiu o braço financeiro da facção Bonde do Maluco. As informações são do Fantástico, da TV Globo.

A ação também prendeu outros 14 suspeitos, bloqueou contas com valores que podem ultrapassar R$ 100 milhões e revelou que Poliane é casada com o chefe do grupo, preso desde 2013.

Segundo a investigação, ela atuava como elo entre o líder encarcerado e o comando da organização fora do presídio.

Apelido inspirado em série

Segundo a polícia, Poliane adotava os apelidos "RS" ou "Rainha do Sul", em referência à série mexicana La Reina del Sur, e transmitia ordens e ameaças em nome da facção.

Em mensagens interceptadas, ela cobrava pagamentos sob ameaça de morte.

A investigação aponta que a advogada usava sua atuação profissional para ter acesso frequente ao líder do grupo e facilitar a comunicação entre ele e a facção.

O marido de Poliane é Leandro da Conceição Santos Fonseca, conhecido como Léo Itinga ou Shantaram, apontado como chefe do Bonde do Maluco.

Preso desde 2013 e atualmente custodiado em regime diferenciado no presídio de Serrinha (BA), Leandro responde a mais de 70 processos. Segundo os investigadores, mesmo detido, continuava dando ordens relacionadas ao tráfico de drogas e à compra de armas

Para ampliar o contato com o líder da facção, o cadastro de Poliane no sistema prisional teria sido alterado de "advogada" para "companheira", o que permitiu visitas íntimas. Entre junho e agosto de 2025, ela realizou 16 visitas.

Durante buscas em sua residência, a polícia apreendeu o documento de união estável, cartas manuscritas com ordens do chefe da facção, R$ 190 mil em dinheiro, uma máquina de contar cédulas, veículos de luxo e joias.

A operação também identificou um haras em Pernambuco usado para lavagem de dinheiro por meio da compra e venda de cavalos de alto valor.

Duas irmãs presas na ação são apontadas como responsáveis pela contabilidade do patrimônio milionário da facção.

Em nota ao Fantástico, a defesa de Poliane negou as acusações e afirmou que os fatos serão esclarecidos no momento oportuno. A defesa de Leandro da Conceição também negou as imputações.