Repelente contra mosquito da dengue, que dura 4 meses, é desenvolvido no Brasil

Uma descoberta promissora pode mudar o combate às doenças transmitidas por mosquitos no Brasil. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram um novo tipo de repelente, que protege contra o mosquito da dengue por até quatro meses com apenas uma aplicação. A inovação é da startup mineira InnoVec e recebeu o nome de Repeltex.
A principal diferença em relação aos produtos convencionais é a durabilidade. Embora os repelentes atuais precisem ser reaplicados várias vezes ao dia, o Repeltex cria uma barreira invisível que se mantém ativa por até 120 dias, protegendo um raio de até seis metros. E o melhor: a fórmula é atóxica, sem cheiro e pode ser aplicada em diversos tipos de materiais.
O produto já foi testado em países como Brasil e Tanzânia e apresentou resultados animadores: proteção de 74% contra o Aedes aegypti (transmissor da dengue) e 84% contra o Anopheles darlingi (mosquito da malária). A expectativa é que ele esteja disponível no mercado ainda este ano.
Tecnologia nacional
Criada em 2023, a InnoVec nasceu dentro do Laboratório de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo em Controle de Vetores (Lintec), no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG . O coordenador do projeto é o professor Álvaro Eiras, especialista em comportamento de mosquitos transmissores de arboviroses.
No início, a tecnologia foi pensada para calçados feitos com sisal, já que pernas e pés são áreas comuns de picada. Mas, com o avanço dos estudos, o repelente passou a ser adaptado para outros tipos de superfícies, como mochilas, cortinas, roupas e móveis, o que amplia bastante as possibilidades de uso no dia a dia.
A proposta é transformar o Repeltex em um aliado simples e prático no combate aos mosquitos, especialmente em regiões com alto índice de infecções.
Mais vidas salvas
O surgimento dessa tecnologia é ainda mais importante diante do cenário atual. Só em 2024, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue, e o governo precisou investir mais de R$ 28 bilhões no tratamento da doença.
Com a chegada de um produto de longa duração e fácil aplicação, o país pode ter uma arma poderosa para reduzir esses números. A ideia é que, além da proteção pessoal, o Repeltex também possa ser utilizado em ambientes públicos, escolas e postos de saúde, ajudando no combate aos surtos em larga escala.
A startup agora trabalha para aumentar a produção e expandir a distribuição da tecnologia por todo o Brasil. A expectativa é que, em breve, cada vez mais pessoas tenham acesso a essa proteção e com um toque 100% brasileiro.
