Sabe o que é lipedema? Veja sintomas do mal que afeta milhões de pessoas sem que elas saibam

Inchaço nas pernas pode ser lipedema: veja outros sintomas. Doença crônica pode ser controlada com hábitos saudáveis
Já ouviu falar em lipedema? Um inchaço, normalmente nas pernas, que traz desconforto para a pessoa. De acordo com o médico especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular, Vitor Gornati, o lipedema foi descrito pela primeira vez na década de 1940, mas só passou a receber mais atenção de pesquisadores e especialistas há cerca de 10 anos.
Estima-se que de 10% a 12% das mulheres brasileiras tenham a doença em algum nível, complementa Gornati, que também é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Lipedema pode ter origem genética
"Em 99% das vezes, o lipedema acomete mulheres, porque é uma doença que está, de certa forma, relacionada ao estrogênio, que é um hormônio feminino. Então, ela acomete lugares onde a pessoa tem mais esse receptor específico de estrogênio, o que faz a gordura crescer. E é uma doença de origem genética. Na grande maioria das vezes, a gente identifica que alguém na família também tem ou tinha lipedema", explica Gornati.
O especialista também confirma que o lipedema costuma dar alguns sinais já na adolescência, mas eles, geralmente, passam despercebidos.
"O lipedema é uma doença inflamatória crônica e progressiva. Então, às vezes, na adolescência, a pessoa já percebe que tem a perna uma pouco mais grossinha, com um aspecto um pouco diferente. Ao longo da da vida, passa uma gestação, tem um ciclo de ganho de peso ou de perda de peso, e a doença aparece. Geralmente, é como se você tivesse um corpo em cima e outro corpo embaixo. E, quando você emagrece, perde gordura no rosto, na cintura… mas as pernas, coxa, glúteo e, muitas vezes, a parte superior no braço não emagrecem na mesma proporção"
Gornati acrescenta que a pessoa com lipedema também têm mais facilidade de sofrer lesões vasculares, ou seja, desenvolver hematomas à menor pressão. Uma pesquisa recente conduzida pelo Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, com mais de 900 pessoas, mostrou que as mulheres com lipedema têm 11 vezes mais prevalência de varizes.
"É uma doença que acomete tudo o que a gente chama de tecido conjuntivo frouxo. Isso inclui a gordura, mas também os vasos e as articulações. E a pessoa com lipedema tem 30% mais dificuldade de ganhar massa muscular, que é o que ajuda a proteger essas articulações. Então, ela também tende a ter hipermobilidade, frouxidão ligamental, e, quando ganha peso, acaba sobrecarregando o joelho, o quadril. Com o tempo, pode desenvolver artrose ", complementa o médico.
Por enquanto, não há medicamento para o lipedema, e o tratamento costuma envolver dieta, exercícios físicos, massagens de drenagem linfática e liberação miofacial. Em casos extremos, é possível lipoaspiração das partes mais afetadas.
