Servidor público passa quase dois anos indo a prefeitura só para bater ponto e ir embora sem trabalhar, no Paraná

17/07/2025

Câmeras de segurança da prefeitura mostram Luciano Gaspar Daru entrando pelos fundos, de bermuda e chinelo. Homem foi indiciado pela Polícia Civil. Defesa dele afirma que só vai se manifestar no processo.

Luciano Gaspar Daru, servidor público municipal de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, foi investigado e indiciado pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR) por passar quase dois anos indo à prefeitura só para bater o ponto, e ir embora sem trabalhar.

O portal da prefeitura aponta que Luciano era concursado há 26 anos e recebia mais de R$ 2,3 mil de salário bruto. Desde 2023, ele era técnico administrativo na Secretaria Municipal de Fazenda, e o horário de trabalho dele ia do meio-dia às 18h.

Câmeras de segurança mostram o homem de 56 anos entrando pelos fundos da prefeitura, de bermuda e chinelo. Ele fica 1 minuto e 15 segundos no prédio, e sai. Segundo a equipe de investigação, ele fazia isso no início da tarde e voltava no fim do dia para registrar a saída.

As roupas que ele usava para bater o ponto e as faltas recorrentes começaram a chamar a atenção de colegas. Em 2024, a prefeitura abriu uma investigação interna contra o servidor e, em 2025, repassou o caso à Polícia Civil.

O delegado Derick de Moura Jorge divulgou nesta terça-feira (15) que indiciou o homem pelo crime de inserir dados falsos em sistemas informatizados da administração pública, com fim de obter vantagem indevida. A pena prevista é de 2 a 12 anos de prisão, mais multa.

"Durante seu interrogatório o investigado confessou a prática irregular, tendo afirmado que durante o período compreendido entre os meses de agosto de 2023 e junho de 2025 apenas registrava o ponto sem exercer suas atividades. O servidor continuou recebendo sua remuneração integral durante todo o período em que não exerceu suas funções, configurando prejuízo direto aos cofres públicos municipais", afirma.

Segundo o delegado, o prejuízo é estimado em R$ 33 mil. Ele ressalta que o servidor foi afastado das funções assim que a irregularidade foi descoberta.

O portal da prefeitura mostra que Luciano foi desligado, definitivamente, em junho de 2025.

Com o inquérito policial concluído, o caso foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que analisará o caso e decidirá sobre o oferecimento de denúncia criminal contra o servidor.

A defesa de Luciano Gaspar Daru afirma que só vai se manifestar no processo.

O que a prefeitura fez

O delegado responsável pelo inquérito destaca que a investigação contou com apoio da prefeitura, que "adotou as medidas cabíveis visando o afastamento do servidor e a instauração de procedimento administrativo visando a sua demissão por justa causa, bem como o ressarcimento do prejuízo por este causado aos cofres públicos".

O Procurador Geral Municipal de Ponta Grossa, Gustavo Schemim da Matta, disse que a prefeitura expediu duas advertências para o servidor e, na terceira, abriu a sindicância - que terminou com a demissão por justa causa.

Questionado sobre o tempo que o processo levou, considerando que a fraude iniciou em 2023 e ele só foi demitido quase dois anos depois, o procurador alegou que os processos burocráticos do poder público são mais demorados do que em empresas particulares.