Surto de vírus respiratórios no Paraná: mortes infantis preocupam autoridades

Neste ano, casos e até mortes por síndrome respiratória aguda grave registram crescimento expressivo entre crianças
A temporada da gripe se aproxima. Com os dias mais ficando mais frios ao longo do mês de maio, na medida em que o inverno se aproxima, os vírus respiratórios começam a circular com mais força. E o Paraná registra até aqui, na comparação com o ano passado, um aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), além de um crescimento expressivo não só de ocorrências, mas também de mortes entre crianças. É o que revelam dados do boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), cujo cenário tem feito as autoridades voltarem a frisar a importância da vacinação contra doenças como a gripe e a Covid-19.
Conforme as informações oficiais, o Paraná já registrou 7.282 casos de SRAG em 2025 (até o dia 10 de maio). No ano passado, no mesmo período, eram 7.030 ocorrências, o que aponta para uma diferença de +3,6%. Mas o que mais tem chamado a atenção é o aumento expressivo dos casos de SRAG entre crianças. Na faixa etária de cinco a onze anos, por exemplo, houve crescimento de 32,5% nos casos (de 593 para 786). Além disso, também se verifica um salto de 175% nos óbitos entre as crianças de um a quatro anos (de quatro para onze mortes).
Dados das amostras enviadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen) apontam que o Paraná continua em uma fase de ascendência do Influenza A e do Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que já são os dois vírus com maior frequência de circulação. Na última semana, a presença do Influenza A aumentou ainda mais, consolidando-se como o segundo vírus mais frequente. Outro dado preocupante é que cerca de 30% das amostras recebidas são de crianças com menos de dois anos, evidenciando a vulnerabilidade dessa faixa etária.
"Estamos vivendo a maior circulação dos vírus Influenza A e Sincicial Respiratório dos últimos dois anos. Por isso, fazemos um apelo para que todos vacinem seus filhos. A vacina é a melhor alternativa para tirar essas crianças da porta das UPAs e hospitais", destacou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.
Na última sexta-feira, inclusive, a pasta emitiu um alerta para as secretarias de saúde dos 399 municípios paranaenses. O documento chama a atenção para a intensificação da circulação dos vírus respiratórios durante o outono e o inverno, período em que aumentam os casos de síndromes gripais e internações hospitalares, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com fatores de risco.
"A vacina é a melhor forma de prevenir casos graves e mortes por gripe. Os dados mostram que crianças pequenas continuam sendo as mais vulneráveis. O momento é de ação, de mobilização", reforça a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti David Lopes.
Vacina para todos e mais de 1,7 milhão de doses aplicadas
Desde o início da campanha de vacinação da gripe, o Paraná aplicou 1.746.397 doses. Nos grupos prioritários, a cobertura atual é de 32,68%. Entre as crianças, a taxa é de apenas 20,72%, muito abaixo da meta de 90%.
Em relação à vacina contra a Covid-19, o Paraná atinge a meta de vacinação de 90% para a população acima de 12 anos de idade. No entanto, para a população de seis meses a 11 anos de idade, a cobertura é de 43,7% para D1 e 16,3% para D2 em crianças de seis meses a dois anos e 36,2% para D1 e 17,7% para D2 em crianças de três a quatro anos.
Os imunizantes seguem disponíveis gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS). A campanha segue enquanto houver disponibilidade de doses, mas a recomendação da Sesa é que as crianças sejam vacinadas o quanto antes, para garantir maior proteção durante o pico da circulação viral. A vacina contra a gripe, inclusive, está desde o dia 10 liberada para toda a população acima dos seis meses de idade.
"Já foram aplicadas cerca de dois milhões de doses contra a Influenza e ainda temos vacinas suficientes. Precisamos agora do apoio das famílias, pais, mães e responsáveis ajudar a proteger nossas crianças. Temos vacinas disponíveis, profissionais capacitados e uma rede pronta para atender. A vacinação é um ato de responsabilidade, de cuidado e de amor", salientou o secretário Beto Preto.
Medidas de prevenção são fundamentais contra os vírus respiratórios
Além da vacina, outras medidas de prevenção também são fundamentais para reduzir a circulação dos vírus respiratórios, especialmente em ambientes frequentados por crianças. Entre elas está a higienização frequente das mãos, principalmente antes das refeições ou após tossir e respirar. Além de água e sabão, o uso de álcool em gel a 70% também é eficiente. Além disso, não se esqueça de cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar e evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos não higienizadas.
Manter os ambientes ventilados, evitar aglomerações e o contato próximo com pessoas com sintomas gripais também ajuda a reduzir a transmissão. Crianças e adultos que apresentem sinais da doença devem ser afastados temporariamente de atividades escolares ou de trabalho até pelo menos 24 horas após o fim dos sintomas.
Hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão adequada de líquidos, também fortalecem o sistema imunológico. Em caso de sintomas como febre repentina, mal-estar, dor de garganta, tosse seca, dores musculares ou articulares, além de vômitos, diarreia ou rouquidão, é fundamental buscar atendimento médico o quanto antes.
