Trump cobra R$ 1,2 bilhão da Justiça por investigações contra ele

22/10/2025

Reclamações pedem indenização por violações de direitos em apurações sobre interferência russa e documentos sigilosos

O presidente Donald Trump apresentou duas reclamações administrativas ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos exigindo o pagamento de US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,23 bilhão, na cotação atual) em indenizações por investigações federais conduzidas contra ele nos últimos anos. As informações são do The New York Times.

O pedido pode ser analisado por Todd Blanche, atual vice-procurador-geral e ex-advogado de defesa de Trump.

As queixas foram encaminhadas em 2023 e 2024. A primeira trata de supostas violações de direitos cometidas durante a investigação do conselheiro especial e do FBI sobre interferência russa nas eleições de 2016.

A segunda acusa o FBI de violar a privacidade do presidente ao revistar sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, em 2022, em busca de documentos confidenciais que teriam sido indevidamente mantidos após o fim de seu primeiro mandato.

O eventual acordo financeiro precisaria ser aprovado pelo vice-procurador-geral, cargo ocupado por Blanche, que já defendeu Trump em diversos processos, incluindo o julgamento criminal em Nova York, no qual o então empresário foi condenado por falsificação de registros comerciais, além dos casos federais sobre documentos sigilosos e interferência eleitoral.

Questionada, a Casa Branca encaminhou os pedidos de esclarecimento ao Departamento de Justiça. O porta-voz da pasta, Chad Gilmartin, declarou em nota que " em qualquer circunstância, todos os servidores do Departamento de Justiça seguem a orientação dos órgãos de ética de carreira ".

Declarações do presidente

Ao comentar o assunto, Trump afirmou: " Acho que eles provavelmente me devem muito dinheiro ." Ele acrescentou que, se receber o valor, pretende destiná-lo " a instituições de caridade ou à restauração da Casa Branca ".

Durante entrevista coletiva, o presidente mencionou os processos em andamento: " Tenho uma ação que está indo muito bem. Quando me tornei presidente, pensei: estou meio que processando a mim mesmo. Não sei como resolver isso, é um ótimo processo ."

Trump tem repetidamente criticado o governo anterior e o Partido Democrata, alegando que o Departamento de Justiça foi " instrumentalizado " por motivos políticos. " O que fizeram foi criminoso. Invadiram minha casa na Flórida. Foi uma invasão ilegal ", disse.

Acusações

Na busca de 2022, agentes federais encontraram cerca de 300 documentos classificados, alguns ligados a segredos de defesa nacional. Na reclamação administrativa, Trump acusa o ex-procurador-geral Merrick Garland, o ex-diretor do FBI Christopher Wray e o ex-conselheiro especial Jack Smith de " acusação maliciosa " e de violação de privacidade.

O processo sobre os documentos confidenciais, que envolvia também dois coacusados, foi anulado no ano passado por uma juíza nomeada por Trump, e o Departamento de Justiça desistiu do recurso após sua vitória nas eleições de 2024.

Segundo o manual interno do Departamento de Justiça, qualquer acordo superior a US$ 4 milhões (aproximadamente R$ 21 milhões) precisa de aprovação do vice-procurador-geral. As reclamações apresentadas por Trump, conhecidas como Standard Form 95, não são tecnicamente ações judiciais, mas podem anteceder processos caso não haja acordo.

Reações políticas

Após a divulgação do caso, líderes do Partido Democrata criticaram o presidente. O presidente do Comitê Nacional Democrata, Ken Martin, afirmou: " Donald Trump não ajuda os cidadãos, mas certamente ajuda a si mesmo. Em menos de um ano, transformou o contribuinte em seu cofre pessoal ."

Já o senador Ruben Gallego, do Arizona, escreveu na rede X: " O presidente está ordenando que o governo que ele comanda o pague. Em outros países, os líderes ao menos tentam esconder quando roubam dinheiro dos cidadãos. "