Violência sexual infantil no Haiti cresceu 1.000% em 2024

Outra calamidade vivida no país é o recrutamento de crianças pelas gangues que aterrorizam a capital, Porto Príncipe: 'Hoje, até metade de todos os membros de grupos armados são crianças, algumas com apenas oito anos de idade'.
Os números de casos de violência sexual contra crianças no Haiti foi 10 vezes maior em 2024 do que em 2023, segundo a agência da ONU para a infância (Unicef).
O alerta foi dado nesta sexta-feira (7), a repórteres em Genebra, pelo porta-voz do Unicef, James Elder, que afirmou que esse crescimento imenso ocorre em meio a um cenário de violência de gangues, que controlam 85% da capital do país, Porto Príncipe.
"Houve um aumento impressionante de 1.000% na violência sexual contra crianças no Haiti. Transformou seus corpos em campos de batalha. Grupos armados infligem horrores inimagináveis às crianças", disse o porta-voz do Unicef, James Elder, a repórteres em Genebra.
Além dos casos de violência, outra calamidade vivida no país agora é o recrutamento de crianças por essas gangues que aterrorizam a capital e que as autoridades, mesmo com o apoio de uma força policial em grande parte queniana e da comunidade internacional, não conseguiram conter.
Somente em 2024, "o recrutamento de crianças para grupos armados aumentou em 70%. Hoje, até metade de todos os membros de grupos armados são crianças, algumas com apenas oito anos de idade". Muitas são sequestradas à força. Outras são manipuladas ou levadas pela pobreza extrema. É um ciclo mortal: as crianças são recrutadas por grupos que alimentam seu próprio sofrimento", afirmou.
Nesta quinta-feira (6), o secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio, concordou com a revogação do congelamento da ajuda dos Estados Unidos à missão de segurança da ONU no Haiti e deu sinal verde para a doação de US$ 40,7 milhões - o equivalente a R$ 235 milhões - em assistência à Polícia Nacional Haitiana e à missão multinacional.
"Infelizmente, hoje, grande parte desse território é controlada por gangues, gangues bem armadas e perigosas, e é preciso lidar com isso. O primeiro objetivo é pacificar. Neste momento, a única opção é a missão que existe e continuaremos a apoiá-la, mas temos que entender que essa missão precisa se expandir", disse Rubio durante uma declaração conjunta com o presidente dominicano, Luis Abinader, em sua visita à República Dominicana, vizinha do Haiti.
Rubio também disse ter conversado com William Ruto, presidente do Quênia, país que lidera as forças multinacionais enviadas ao Haiti.
